Caso P. Diddy: promotores querem especialista que depôs contra R. Kelly no julgamento por tráfico sexual
Psicóloga poderá testemunhar sobre comportamento de vítimas em casos de abuso prolongado e manipulação emocional
Nova York – Os promotores federais no caso de tráfico sexual contra o rapper e empresário Sean “Diddy” Combs, 55, querem incluir no julgamento o depoimento da psicóloga Dawn Hughes, que também atuou como especialista na acusação de R. Kelly, condenado em 2021 por crimes semelhantes.
Combs, que enfrenta acusações de conspiração de extorsão e tráfico sexual, está sendo acusado de coagir mulheres a participarem de elaboradas sessões sexuais apelidadas de “Freak Offs”. Ele nega as acusações e afirma que as relações foram consensuais. O julgamento está previsto para começar em 12 de maio, com a seleção do júri marcada para o dia 5.
Durante audiência pré-julgamento nesta sexta-feira (25), o juiz distrital Arun Subramanian afirmou que decidirá nos próximos dias se permitirá ou não o testemunho da especialista. Segundo os promotores, o depoimento de Hughes ajudaria os jurados a entender por que vítimas de abuso sexual, em certos casos, demonstram afeto ou permanecem com seus agressores — dinâmica frequentemente causada por manipulação psicológica ou medo de retaliação.
Disputa jurídica sobre o uso de especialistas
A defesa de Combs, liderada pela advogada Alexandra Shapiro, argumenta que o uso da psicóloga serviria apenas para reforçar a credibilidade das supostas vítimas, influenciando indevidamente os jurados. “Eles querem que ela diga, essencialmente, que devemos acreditar nessas pessoas”, declarou Shapiro durante uma audiência anterior.
Hughes, especialista em traumas sexuais, já foi testemunha-chave em casos de grande repercussão, incluindo os de Harvey Weinstein e R. Kelly. No caso atual, sua análise pretende contextualizar as atitudes das vítimas diante das alegações de abuso contínuo.
Acusações e histórico
Preso desde setembro em um centro de detenção no Brooklyn, Combs pode enfrentar décadas de prisão se for condenado. Os promotores alegam que, por trás da carreira de sucesso como fundador da Bad Boy Records e produtor de artistas como Notorious B.I.G., Usher e Mary J. Blige, Combs mantinha um padrão de comportamento coercitivo e abusivo.
As supostas “Freak Offs” seriam eventos organizados, alimentados por drogas, envolvendo sexo com múltiplos parceiros, trabalhadores sexuais e, segundo a acusação, filmagens feitas sem consentimento.
Combs compareceu à audiência desta sexta-feira vestindo uniforme de prisão bege e permaneceu em silêncio, com expressão séria. O julgamento promete chamar atenção não só pelo seu teor explosivo, mas também pelo impacto sobre uma das figuras mais influentes do hip-hop dos anos 1990 e 2000.
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