O défice habitacional em Moçambique ganhou destaque no workshop “Habitação Acessível para Todos”, realizado no dia 23 de maio de 2025, em Maputo. O evento reuniu especialistas, entidades públicas e privadas com o objetivo de apresentar estratégias viáveis para garantir acesso à habitação social para famílias de baixa renda.
As organizações Gapi-SI e Casa Real, com forte atuação no setor de desenvolvimento habitacional, lideraram o debate com propostas centradas em financiamento inclusivo, construção sustentável e inovação nos modelos de aquisição.
Fundo de garantia e crédito habitacional para o setor informal
Ramos Joaquim, representante da Gapi-SI, defendeu a criação de um fundo de garantia hipotecária como forma de reduzir o risco para os bancos e facilitar o acesso ao crédito habitacional para famílias com rendimentos informais uma realidade comum em Moçambique.
Joaquim apresentou exemplos de países como Quénia, África do Sul, Marrocos, México, Vietname e Bangladesh, que utilizam mecanismos como subsídios atrelados ao crédito, micro-financiamento com apoio técnico e modelos híbridos para aumentar o acesso à moradia.
Entre as propostas de financiamento, destacou-se a emissão de títulos sociais, a mobilização de fundos de pensões e de doadores internacionais, bem como a alocação de receitas públicas. O modelo mexicano INFONAVIT, baseado em contribuições fixas de empregadores, foi citado como um exemplo de sustentabilidade financeira a longo prazo.
Modelos flexíveis e tecnologias sustentáveis
Já Richard Bahumwire, da Casa Real, partilhou a experiência da empresa no desenvolvimento de habitação social na cidade da Beira, construídas em zonas resilientes e com tecnologias inovadoras, como Hydraform e CLT (Cross Laminated Timber) que garantem maior durabilidade e menor impacto ambiental.
Entre os modelos de aquisição habitacional apresentados, destacam-se:
- Chave na mão
- Renda gradual com possibilidade de compra
- Pagamento faseado
- Rent-to-buy, que permite ao inquilino tornar-se proprietário após cinco anos de arrendamento
Bahumwire sublinhou que o acesso à moradia digna depende de políticas habitacionais robustas, parcerias público-privadas e soluções adaptadas à realidade socioeconómica do país.
Caminhos para enfrentar o défice habitacional em Moçambique
Os intervenientes do workshop concordaram que enfrentar o défice habitacional em Moçambique, que afeta milhares de famílias, requer vontade política, inovação na construção, parcerias estratégicas e, sobretudo, instrumentos financeiros adaptados à economia informal.
O evento reforça a urgência de criar uma abordagem integrada e inclusiva para garantir que a habitação acessível e digna seja uma realidade para todos os moçambicanos.
Comentários
Postar um comentário