Um grupo de pesquisadores da Universidade Bocconi, na Itália, criou um modelo estatístico inovador que apontou com precisão Robert Prevost, dos Estados Unidos, como o mais provável a ser eleito papa — o que de fato se confirmou no conclave realizado no início deste mês.
O estudo foi desenvolvido pelos acadêmicos Giuseppe Soda, Alessandro Iorio e Leonardo Rizzo, que utilizaram métodos de análise de redes sociais para mapear as conexões e a influência dos cardeais dentro do Colégio Cardinalício.
“Mesmo na Igreja, como em qualquer organização humana, os relacionamentos importam. Quanto mais conectado, ouvido e central um indivíduo estiver, maior a chance de se tornar uma figura unificadora”, explicou Soda.
Como funciona o modelo?
O modelo baseou-se em três pilares principais para avaliar a “proeminência eclesiástica” de cada cardeal:
- Status: avaliado pela “centralidade do autovetor”, que mede o quão bem um cardeal está conectado a outros influentes.
- Controle da Informação: medido pela “centralidade de intermediação”, identificando quem atua como elo entre diferentes grupos.
Capacidade de Construção de Coalizões: um índice composto por:
- agrupamento (participação em redes coesas),
- influência direta (número de conexões),
- papel estratégico (posição de ponte entre grupos).
Além disso, os pesquisadores ajustaram o modelo pela idade dos cardeais, com base na média histórica dos papas eleitos desde 1800.
Fontes de dados utilizadas:
- Associações oficiais: cargos em dicastérios, comissões e conselhos do Vaticano.
- Linhas de consagração episcopal: genealogias espirituais, que indicam lealdade e influência.
- Relações informais: informações de fontes jornalísticas confiáveis sobre mentoria, afinidades ideológicas e redes pessoais.
Os rankings
O estudo resultou em três rankings principais. Veja os destaques:
Top 5 por Status
- Robert Prevost (moderado, EUA)
- Lazzaro You Heung-sik (liberal moderado, Coreia do Sul)
- Arthur Roche (liberal moderado, Reino Unido)
- Jean-Marc Aveline (liberal moderado, França)
- Claudio Gugerotti (liberal moderado, Itália)
Top 5 em Controle da Informação
- Anders Arborelius (conservador moderado, Suécia)
- Pietro Parolin (liberal, Itália)
- Víctor Fernández (liberal, Argentina)
- Gérald Lacroix (moderado, Canadá
- Joseph Tobin (liberal, EUA)
Top 5 em Capacidade de Construir Coalizões
- Luis Antonio Tagle (liberal moderado, Filipinas)
- Ángel Fernández Artime (liberal moderado, Espanha)
- Gérald Lacroix (moderado, Canadá)
- Fridolin Besungu (conservador moderado, Congo)
- Sérgio da Rocha (liberal moderado, Brasil)
Apesar do resultado coincidir com o eleito, os autores afirmam que o objetivo não era prever o vencedor do conclave como um “oráculo”, mas sim entender o contexto e as dinâmicas de influência que moldam a escolha de um novo papa.
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