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Selfies podem ajudar a prever sobrevivência de pacientes com câncer, aponta estudo


Tecnologia baseada em inteligência artificial analisa fotos para estimar idade biológica e identificar riscos em tratamentos oncológicos

Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram uma ferramenta inovadora que pode usar uma simples selfie para prever a expectativa de vida de pacientes com câncer. A tecnologia, chamada FaceAge, foi apresentada em um estudo publicado nesta quinta-feira (8) na revista The Lancet Digital Health.

O sistema utiliza inteligência artificial para estimar a chamada "idade biológica" — uma medida que reflete o envelhecimento do corpo com base em fatores de saúde, e não apenas na idade cronológica. Segundo os autores, essa abordagem pode se tornar uma aliada importante na tomada de decisões clínicas, ajudando médicos a definir tratamentos mais adequados para cada paciente.

“Nosso estudo mostra que a informação contida no rosto de uma pessoa pode ser clinicamente significativa”, afirmou Hugo Aerts, coautor do trabalho e diretor do programa de Inteligência Artificial em Medicina (AIM) do Mass General Brigham, centro médico de pesquisa em Boston.

A ferramenta foi treinada com quase 59 mil imagens de indivíduos saudáveis extraídas de bases públicas. Em seguida, foi testada com fotos de mais de 6 mil pacientes com câncer, registradas no início de seus tratamentos com radioterapia. Os resultados revelaram que pessoas com câncer tendem a aparentar mais idade do que realmente têm — em média, cinco anos a mais. Além disso, pacientes com uma FaceAge elevada apresentaram taxas de sobrevivência menores, mesmo após ajustes estatísticos por idade, sexo e tipo de tumor.

Em um dos testes, o algoritmo foi capaz de superar a precisão dos médicos ao prever a sobrevida de curto prazo de pacientes em cuidados paliativos, indicando o potencial da tecnologia como ferramenta complementar no ambiente hospitalar.

Ainda em fase experimental, o FaceAge não está pronto para uso clínico, mas os pesquisadores já planejam expandir os testes. Entre os próximos passos estão a análise de sua eficácia em hospitais diferentes, em estágios variados da doença e até em situações que envolvam alterações faciais, como maquiagem ou cirurgia plástica.

“Acreditamos que esta tecnologia abre caminho para um novo campo de biomarcadores baseados em imagem”, afirmou Ray Mak, outro coautor do estudo. Segundo ele, o algoritmo pode futuramente ser usado para prever não apenas o curso de doenças como o câncer, mas também o envelhecimento geral e outras condições crônicas, desde que inserido em um contexto ético e regulatório adequado.

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