Se você já tem um gatinho em casa e está pensando em adotar outro, saiba que a ideia pode ser ótima — mas exige planejamento, paciência e sensibilidade. Gatos são animais territoriais e mudanças bruscas podem causar estresse, brigas e até problemas de saúde. A boa notícia é que, com a adaptação certa, seus felinos podem se tornar grandes companheiros.
Segundo o médico-veterinário Adalberto Von Ancken, professor da Universidade Cruzeiro do Sul (SP), o segredo está em respeitar o tempo e o espaço de cada bichano. “As maiores dificuldades normalmente vêm do gato que já está no ambiente”, explica.
Por que fazer uma adaptação com calma?
Gatos enxergam o mundo por zonas: eles têm seus locais definidos para dormir, brincar, comer e fazer as necessidades. Quando um novo felino chega, o antigo morador pode se sentir ameaçado ou invadido. É por isso que a adaptação deve ser feita de forma gradual, respeitando essas zonas e introduzindo o novo amigo aos poucos.
Dicas para apresentar um gato novo ao da casa
1. Comece com uma “quarentena”
Nos primeiros 10 a 15 dias, mantenha o novo gato em um cômodo separado. Isso evita o risco de transmissão de doenças e dá tempo para que ambos se acostumem com os cheiros um do outro.
2. Troque objetos com cheiro dos dois
Use uma peça de roupa sua para esfregar o rosto e pescoço de cada gato (áreas com glândulas que liberam feromônios). Depois, ofereça esse objeto ao outro bichano. Isso ajuda a familiarizar o cheiro sem contato direto.
3. Faça uma exposição visual gradual
Use uma porta de vidro, uma tela ou até grades seguras para que eles possam se ver e se cheirar à distância. Observe as reações e nunca force o contato.
4. Não junte tudo no mesmo lugar
Cada gato deve ter sua própria caixa de areia, comedouro e bebedouro, colocados em locais diferentes da casa. Gatos não gostam de dividir recursos e percebem espaços compartilhados como conflito territorial.
5. Supervise os primeiros encontros
Quando for o momento de deixar os dois juntos, fique por perto. É normal que rolem alguns “tapinhas” e rosnados, mas intervenha apenas se houver agressividade real. Aos poucos, a tendência é que eles se ajustem.
E se o novo gato for filhote?
Filhotes geralmente são mais brincalhões e curiosos, o que pode causar incômodo em gatos adultos mais tranquilos. Porém, também se adaptam mais facilmente. Com o tempo, o mais velho pode até se sentir rejuvenescido pela companhia.
E se forem de sexos diferentes?
Gatos machos e fêmeas costumam ter boas interações, mas o mais importante é a personalidade dos dois. Independentemente do sexo, a castração é recomendada para reduzir comportamentos de marcação, brigas e estresse.
Quantos gatos é demais?
Embora muita gente sonhe em ter uma “família felina”, o veterinário alerta: o ideal para um lar equilibrado são dois ou três gatos. Mais do que isso pode causar disputas territoriais e estresse. E atenção: nunca introduza vários gatos ao mesmo tempo. Adapte um por vez.
Um ensina o outro?
Sim! Se um dos gatos tem hábitos de sair de casa, o outro pode imitar. O problema é que sair à rua expõe os felinos a infecções perigosas, como a Aids felina (FIV), leucemia (FeLV), fungos e parasitas. O ideal é manter todos os gatos em ambientes internos e seguros.
E se um gosta de brincar e o outro só quer sossego?
É possível que a presença de um novo gato traga mais energia ao outro. Gatos são seres muito sensíveis, e a companhia pode aliviar o tédio e até melhorar o comportamento. Mas cada um tem seu ritmo — o tutor deve respeitar e observar, intervindo apenas se houver risco ou agressão.
Adotar um novo gato pode ser uma experiência incrível, tanto para o tutor quanto para os próprios felinos. Mas lembre-se: a chave está na paciência, na observação e no respeito ao tempo de cada um. Com carinho e cuidado, seus gatos podem sim viver em paz — e até se tornarem grandes amigos!
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