O Governo de Moçambique prevê mobilizar até 97% dos recursos necessários para cobrir o défice orçamental estimado para 2025, num esforço financeiro considerado sustentável pelas autoridades. A informação foi avançada pela Ministra da Economia e Finanças, Carla Loveira, durante uma entrevista à Rádio Moçambique, esta semana.
O défice do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2025 está projetado em 126,8 mil milhões de meticais, equivalentes a 8,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar do valor expressivo, Loveira desdramatiza a situação, lembrando que o défice é três pontos percentuais menor que o registado em 2024, quando atingiu 11% do PIB (cerca de 156 mil milhões de meticais).
Receitas e despesas públicas: estimativas para 2025
A proposta orçamental para 2025 prevê receitas totais de 385,8 mil milhões de meticais (25% do PIB), enquanto as despesas públicas deverão atingir 512,7 mil milhões de meticais (33,2% do PIB). A diferença entre receitas e despesas gera o défice, que será coberto através de três principais linhas de financiamento:
- Crédito interno: 35 mil milhões de meticais (2,3% do PIB), com uma redução de 0,5 pontos percentuais em relação a 2024;
- Crédito externo: 29,9 mil milhões de meticais (1,9% do PIB), representando um aumento de 0,6 pontos;
- Donativos: 58,2 mil milhões de meticais (3,8% do PIB), mais 0,8 pontos percentuais comparado a 2024.
No total, estas fontes permitirão ao Estado financiar 123,1 mil milhões de meticais, o que representa 97% do défice estimado. Os 3,5 mil milhões de meticais restantes (2,7%) serão cobertos com saldos transitados de 2024.
Enfoque em financiamento sustentável
A Ministra das Finanças reiterou que o défice orçamental, por si só, “não constitui um problema”, desde que seja financiado de forma sustentável, sem aumentar excessivamente a dívida pública.
“O nosso esforço está centrado em garantir mecanismos de financiamento mais concessionais”, declarou Carla Loveira, sublinhando que o foco atual está em endividamento externo em condições favoráveis e na obtenção de donativos internacionais.
O Governo reafirma o compromisso com a sustentabilidade fiscal, apontando que os níveis de endividamento estão a ser monitorados de perto, enquanto se procuram soluções de médio e longo prazo para equilibrar as finanças públicas e apoiar o crescimento económico.
Comentários
Postar um comentário