Pela primeira vez, Moçambique integra a lista dos dez países com as crises de deslocamento mais negligenciadas do mundo, segundo o mais recente relatório do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, na sigla em inglês). O país ocupa a terceira posição no ranking global, ficando atrás apenas dos Camarões (1º) e da Etiópia (2º).
Divulgado nesta segunda-feira (3), o relatório anual do NRC baseia-se em três critérios principais para definir as crises negligenciadas:
- Falta de financiamento humanitário,
- Baixa visibilidade nos meios de comunicação internacionais, e
- Ausência de compromissos políticos concretos para resolução dos conflitos e melhoria das condições de vida das populações deslocadas.
“A deslocação forçada não é uma crise distante. É uma responsabilidade partilhada que não pode ser ignorada”, alerta o documento, citado pelo MZNews.
O relatório destaca que o conflito armado na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é um dos principais motores do deslocamento interno no país, afetando centenas de milhares de pessoas.
Outros países que compõem a lista incluem o Burkina Faso (4º), Mali, Uganda, Irão, República Democrática do Congo (8º), Honduras e Somália.
O secretário-geral do NRC, Jan Egeland, criticou o crescente desinteresse da comunidade internacional. “Os doadores estão a redirecionar o apoio humanitário para atender prioridades políticas internas, abandonando populações em crise. Esta negligência custa vidas todos os dias”, afirmou.
Apesar do alerta, Egeland acredita que ainda é possível reverter a situação. “Temos de nos erguer e exigir uma inversão dos cortes brutais na ajuda internacional”, apelou.
O relatório de 2024 reforça a urgência de uma resposta global mais consistente e solidária às crises humanitárias prolongadas, como a que afeta Moçambique.
Comentários
Postar um comentário