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Falha global na AWS causa apagão na internet e prejuízos bilionários


Interrupção na Amazon Web Services afeta empresas e usuários em todo o mundo, reacendendo o debate sobre a dependência global das big techs.

Uma grave falha nos sistemas da Amazon Web Services (AWS) derrubou parte significativa da internet mundial nesta segunda-feira (20), afetando serviços digitais, plataformas financeiras e sistemas corporativos em escala global. Analistas estimam que o impacto econômico pode chegar a centenas de bilhões de dólares, tornando o episódio a pior interrupção desde o colapso causado pela CrowdStrike em 2024.

A Amazon confirmou a normalização total dos serviços apenas no fim da tarde, após mais de oito horas de instabilidade. Segundo a Reuters, trata-se da pior pane da empresa em mais de uma década, afetando mais de 28 serviços essenciais da nuvem.

Principais serviços afetados

Entre os sistemas que ficaram fora do ar, estiveram Snapchat, Signal, Reddit, Fortnite, além de iFood e Mercado Livre, que registraram falhas severas no Brasil.
Também foram relatados problemas em companhias aéreas, bancos e operadoras financeiras, que tiveram atrasos em pagamentos e autenticações.
Até mesmo produtos da própria Amazon, como o e-commerce, a assistente Alexa e o Prime Video, ficaram indisponíveis em algumas regiões.

“O incidente mostra como a internet global é frágil e interdependente. Cada aspecto do trabalho moderno depende dessa infraestrutura para funcionar”, afirmou Mehdi Daoudi, CEO da empresa de monitoramento digital Catchpoint, à CNN.

Segundo Daoudi, as perdas financeiras “facilmente alcançam centenas de bilhões de dólares” por conta da paralisação generalizada de sistemas corporativos e de produtividade.

Origem do problema: o coração da AWS nos EUA

A Reuters informou que o colapso começou em um dos data centers mais antigos da Amazon, localizado nos Estados Unidos, considerado o núcleo principal dos serviços de nuvem da empresa.
Os primeiros sinais apareceram com lentidão e erros em serviços de banco de dados e no Sistema de Nomes de Domínio (DNS), que atua como “mapa” da internet.

Engenheiros da AWS identificaram rapidamente a falha, mas a instabilidade se espalhou, mantendo dezenas de serviços fora do ar por horas.
De acordo com o site Downdetector, que monitora falhas online, foram registrados mais de 8 milhões de relatos de interrupções ao redor do mundo no pico da pane.

Especialistas cobram mais resiliência

Para Ken Birman, professor de Ciência da Computação da Universidade Cornell, o apagão deve servir como alerta para o setor de tecnologia.

“Os desenvolvedores precisam construir sistemas mais tolerantes a falhas. As empresas que cortam custos e pulam etapas para lançar produtos são as mais vulneráveis e as que devem ser examinadas agora”, declarou à Reuters.

A falha reacende o debate sobre a dependência excessiva da infraestrutura de nuvem da Amazon, responsável por quase um terço da internet global.
Segundo a Forbes, corporações do setor financeiro e de tecnologia avaliam adotar estratégias “multi-cloud”, distribuindo suas operações entre diferentes provedores como AWS, Microsoft Azure e Google Cloud para reduzir riscos e evitar futuros apagões.

O que está em jogo

A AWS é o pilar da computação em nuvem global, sustentando desde startups até gigantes como Netflix, Zoom, Airbnb e NASA. Um apagão dessa magnitude expõe a vulnerabilidade estrutural da economia digital, em um momento em que IA generativa, dados em tempo real e automação ampliam ainda mais a dependência das plataformas em nuvem.
“As cidades e empresas do futuro não poderão parar. Cada minuto offline representa milhões em perdas e uma quebra de confiança”, afirmou Daoudi.

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