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Imagens de satélite revelam detalhes secretos de espaçonave chinesa XJY-7



Análises da empresa australiana HEO mostram estrutura, funcionamento e componentes do misterioso satélite chinês lançado em 2020.

Imagens inéditas captadas por satélites da empresa australiana HEO Robotics revelaram detalhes do Xinjishu Yanzheng-7 (XJY-7), uma espaçonave chinesa que orbitou a Terra por cinco anos antes de reentrar na atmosfera. O veículo, lançado em dezembro de 2020, era oficialmente descrito pela China como um satélite de testes tecnológicos mas as novas análises mostram que ele tinha funções mais complexas do que se imaginava.

Segundo a HEO, o XJY-7 foi fotografado em alta resolução momentos antes da reentrada na atmosfera, permitindo a criação de um modelo tridimensional detalhado do satélite. As imagens revelaram uma antena de radar de abertura sintética (SAR) tecnologia capaz de capturar imagens da Terra em alta definição, mesmo sob nuvens densas ou à noite e painéis solares fixos, o que obrigava o equipamento a girar o corpo inteiro para gerar energia continuamente.

Como a HEO conseguiu as imagens

A HEO utiliza uma técnica conhecida como imagem não terrestre (NEI), que consiste em fotografar satélites diretamente do espaço, sem depender de telescópios em solo. Esse método permite observar de perto espaçonaves em órbita e identificar características normalmente invisíveis a radares tradicionais.

Durante a análise do XJY-7, a empresa australiana usou dois satélites em operação simultânea para registrar o mesmo alvo de diferentes ângulos. A partir dessas capturas, foi possível reconstruir o movimento real e o design estrutural da espaçonave chinesa com precisão.

O que se sabe sobre o satélite XJY-7

O XJY-7 foi lançado pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST) a bordo de um foguete Long March 8 e permaneceu em uma órbita heliossíncrona, uma rota que o mantém sempre iluminado pelo Sol na mesma posição ideal para observações contínuas da Terra.

De acordo com o rastreador de satélites Marco Langbroek, o equipamento teria reentrado na atmosfera no dia 16 de outubro de 2025, provavelmente sobre as Ilhas Canárias.

A verdadeira função do XJY-7 nunca foi confirmada oficialmente, mas analistas espaciais acreditam que ele fazia parte de testes avançados de sensoriamento remoto e monitoramento militar.

O avanço da “conscientização espacial”

As descobertas da HEO reforçam o avanço das técnicas de Conscientização do Domínio Espacial (Space Domain Awareness) um conjunto de práticas para rastrear e entender o comportamento de objetos em órbita.

Essas imagens ajudam a preencher lacunas sobre satélites secretos e fornecem informações que antes eram inacessíveis, como o estado dos componentes, o padrão de rotação e a configuração estrutural de espaçonaves estrangeiras.

Em 2024, a empresa norte-americana Maxar (agora Vantor) também divulgou imagens de outro satélite chinês, o Shijian, indicando possíveis testes de sensoriamento remoto. Em resposta, uma companhia chinesa publicou registros de um satélite dos Estados Unidos, evidenciando a crescente disputa por transparência e vigilância orbital.

Expansão das operações da HEO

A HEO afirma já ter realizado mais de 4 mil operações de imageamento orbital e planeja expandir sua atuação para além da órbita terrestre baixa, mirando agora o cinturão geoestacionário, onde estão posicionados os principais satélites de comunicação do planeta.

Com isso, a empresa busca consolidar-se como uma das líderes no segmento de observação espacial comercial, fornecendo dados estratégicos para governos e companhias privadas.

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