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Cabo Delgado: grupos terroristas mostram nova força e desafiam forças de segurança



Os ataques terroristas em Cabo Delgado voltaram a ganhar intensidade, e analistas alertam para uma nova fase de resiliência e adaptação dos insurgentes, que parecem ter ajustado a sua estratégia para dificultar as operações das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

A conclusão é da Armed Conflict Location and Event Data (ACLED), uma organização internacional que monitora conflitos armados em todo o mundo. Segundo o mais recente relatório, o Estado Islâmico em Moçambique (EIM) alterou o seu modus operandi e passou a operar em grupos menores, mas mais móveis e imprevisíveis, o que tem ampliado o alcance geográfico das incursões.

Relatório aponta aumento da capacidade operacional dos insurgentes

De acordo com o documento, a dispersão dos grupos, antes vista como sinal de enfraquecimento, acabou por reforçar a mobilidade e a capacidade de sobrecarga das forças governamentais.

“A actividade do EIM num território mais vasto não prejudicou a sua capacidade operacional. Após um declínio em 2023, a actividade aumentou acentuadamente em 2024 e manteve-se intensa em 2025”, refere o relatório.

A ACLED destaca que alguns meses de 2025 registaram níveis de actividade semelhantes aos de 2022, um dos períodos mais violentos do conflito. Isso, segundo a análise, indica uma renovada capacidade insurgente e um maior alcance territorial.

Expansão dos ataques para além dos redutos tradicionais

Embora as acções terroristas continuem concentradas nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia, o relatório aponta uma expansão das incursões para outras zonas, incluindo Balama e Montepuez, nas margens do rio Lúrio — áreas que têm registado ataques desde o final de Agosto.

Essa expansão territorial vai muito além do tradicional eixo Muidumbe–Macomia, considerado por anos o principal reduto dos insurgentes em Cabo Delgado.

Contexto contradiz discurso oficial

As conclusões da ACLED contrastam com as recentes declarações do Governo moçambicano, que vinha reportando um enfraquecimento dos grupos terroristas após a destruição das suas principais bases logísticas.

No entanto, a persistência e reorganização dos insurgentes mostram que o conflito em Cabo Delgado continua longe de ser neutralizado, exigindo novas abordagens estratégicas e coordenação regional mais eficaz.

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