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Professores desafiam Governo: se as FDS controlarem os exames, devem também corrigir as provas



A tensão entre a classe docente e o Governo voltou a intensificar-se após a confirmação de que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) pretende mobilizar membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para garantir o controlo dos exames nacionais. A Associação Nacional dos Professores (ANAPRO) considera a medida uma forma de pressão e alerta para consequências.

O porta-voz da ANAPRO, Marcos Mulima, reagiu duramente à decisão, afirmando que, se as FDS forem envolvidas no processo, deverão assumir todas as etapas dos exames, incluindo a correcção das provas.

“Se mandarem a Polícia, que controle, vigie e corrija os exames. Que esteja presente desde o início do próximo ano lectivo de 2026. Porque os donos do processo somos nós, os professores”, afirmou.

Professores falam em retaliação e clima de ruptura

Mulima acusou o Governo de agir com “arrogância” e de tentar impor os exames apesar do ambiente de ruptura criado pelo não pagamento das horas extraordinárias acumuladas entre 2022 e 2025.
Segundo ele, se o Executivo mantiver a decisão, os professores irão retaliar na mesma proporção.

As declarações surgem após o MEC confirmar, na terça-feira (11), que tenciona recorrer às FDS devido a alegadas falhas de segurança nas escolas. A ANAPRO, no entanto, entende a medida como intimidação e um esforço para forçar a realização das provas apesar do anúncio de greve.

Exames arrancam esta quinta-feira, em clima de incerteza

Os exames nacionais do ensino primário estão marcados para esta quinta-feira (20), em todo o país. A realização das provas ocorre num clima de grande incerteza, com professores a questionarem a legitimidade da intervenção das FDS e a afirmarem que o processo “já está comprometido”.

Mulima argumenta que a alegada falta de segurança nas escolas resulta da “falta de vontade política” e rejeita a narrativa de que as contribuições dos pais para a segurança escolar sejam um esquema fraudulento.

Governo reafirma compromisso com pagamento da dívida, mas professores exigem intervenção presidencial

Na última sexta-feira, durante o encerramento da sessão de Informações do Governo no Parlamento, a ministra das Finanças, Carla Louveira, reafirmou que o Executivo está empenhado em pagar as horas extras em atraso aos profissionais da Educação e da Saúde.

Apesar disso, a ANAPRO afirma que a solução já ultrapassou os ministérios envolvidos e exige uma intervenção directa do Presidente da República, Daniel Chapo.
Segundo Mulima, a classe já submeteu manifestos e espera “uma resposta do Chefe de Estado”.

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